segunda-feira, 11 de abril de 2011

Um mulher de Fé!

Uma mulher de fé faz um deserto florescer...
Uma mulher de fé move o coração de Deus...
Uma mulher de fé é incansável na esperança...

Estamos perto do dia das mães, e gostaria de frisar aqui as histórias dessas mamães guerreiras que são incansáveis na luta pela socialização dos seus pequenos, que dia após dia se doam em prol da aceitação dos seus filhos nas escolas, nas famílias, na sociedade, enfim, na vida.
Juliana, Rosane, Ray são essas três mamães que tiveram e têm suas histórias relatadas aqui no Espaço Jacob ao longo dos dias. Mães constantes naquilo que acreditam, guerreiras munidas de fé, esperança e amor.
À pedidos, colocarei o testemunho completo do Pedro Henrique.

                                                       Rosane, Henrique, Pedro e Igor


                               1ª parte do testemunho do Pedro Henrique

Há cinco anos nasceu um presente de Deus em nossa família o Pedro Henrique, ele foi planejado, esperado e muito amado desde o ventre. O parto foi Cesário, meu marido acompanhou e temos tudo filmado esta benção que o Senhor nos deu. Ele sempre foi uma criança muito calma, dormia muito bem, mamava perfeitamente, jamais vimos nele algo incomum. Ele é uma criança precoce em tudo, engatinhou com cinco meses, ficava em pé segurando nas coisas com seis meses e com nove andou sozinho e a única coisa que nos incomodávamos era a fala que ele não desenvolvia. A maioria de suas fotos é com sorrisos de ponta a ponta, simplesmente o Pedro é um escolhido de Deus!!
Somos de Brasília e quando o Pedro tinha 10 meses fomos morar em Fortaleza, onde graças a Deus nos adaptamos. Queixava-me muito com a Pediatra a respeito da fala do Pedro, porque as crianças falavam o óbvio e ele não. Ele balbuciava muito, mas nenhuma palavra concreta, então ela disse que era para esperar, pois cada criança tem seu tempo, e até três anos seria normal. O tempo passou e com um ano e meio procuramos uma fonoaudióloga, fizemos o exame de audiometria e tudo foi normal. Quando o Pedro completou dois anos, levamos ao pediatra para consulta de mês, ela perguntou como era o comportamento do Pedro em relação às crianças, eu disse que ele não brincava com elas e sempre sozinho, em aniversários, por exemplo, ele amava o pula-pula, brincava em tudo, mas sempre sozinho. Ele sempre foi uma criança independente e de uma coordenação motora impressionante. A pediatra que o acompanhava desde os 11 meses nos disse que ele tinha características de uma criança autista, enfatizou: “Até que prove o contrário o Pedro é autista!” Naquele momento ela nos indicou uma Neuropediatra de sua confiança para fazer alguns exames então fomos embora, e no carro o Henrique (meu esposo) teve um colapso nervoso, saiu cantando pneu, muito nervoso, fiquei por entender, porque pra mim até o momento foi normal, porque eu não sabia o que era Autismo. O Henrique disse pra mim que ela simplesmente falou que nosso filho era doente assim como as crianças que possuem Síndrome de Down e que nunca mais o Pedro colocaria os pés no consultório dela. Passados duas semanas e neste meio termo eu comentei com amigos e parentes, mas nenhum deles me dizia nada, somente que autismo não era doença.
Pedro andava na ponta do pé, e minha mãe tinha me ligado para dizer que tinha visto uma reportagem que dizia que isso era uma característica de autismo, então resolvi entrar para o mundo da internet e pegar maiores informações. Meu Deus foi um choque!! A maioria das características o Pedro tinha, então quando meu marido chegou do trabalho mostrei a ele e disse que a pediatra tinha mesmo razão. Lembro-me como hoje ele dizendo: Meu bem não fica neurótica o nosso filho é normal ele não tem nada. Insisti com ele dizendo que a nossa vontade era que ele fosse uma criança normal, mas se existisse alguma coisa diferente em nosso filho não podíamos fechar os olhos e fingir que nada mudou.
Naquele momento lembrei do meu cunhado Hermes, irmão do Henrique que era uma pessoa diferente na família teve esquizofrenia quando pequeno e que tomava remédio controlado. Isso aconteceu à noite e ao amanhecer, tomamos uma decisão de contar a nossa secretária do lar, nós chorávamos tanto na mesa do café da manhã. Eu então nem se fala (até fiquei emocionada), eu chorei demais, vocês não tem idéia. A Graça começou a chorar também, ela tinha o Pedro como filho dela, era um amor tão grande, ela cuidava dele muitíssimos. Eu e o Henrique choramos muito naquela época estávamos passando dificuldades no casamento, brigas e mais brigas e quando veio esta bomba paramos de olhar nossos problemas e voltamos o olhar para nosso filho.
 Adotamos um comportamento em casa bem diferente ao que estávamos tendo. Foram rios de dinheiro e consultas particulares para saber se ele realmente era autista. Fomos a uma Neuropediatra bem conceituada em Fortaleza na clínica dela havia uma equipe multidisciplinar que tratava de crianças com problemas comportamentais de diversos aspectos e podia nos dizer como proceder. Pra se ter uma idéia ela aceitava convênio e para marcar consulta com ela eu teria que aguardar quatro meses porque a agenda dela estava lotada, então pagamos particular pra ela atender nosso baby e nos dizer como proceder.
De imediato, ela nos disse que a pediatra que nos informou autismo no Pedro era doida porque médico nenhum dá diagnóstico fechado de autismo em crianças com menos de seis anos. O que poderia ser feito era iniciar um tratamento particular com a equipe multidisciplinar (Fono, Psicóloga, TO,e ...) para elas mesmas identificarem o caso do Pedro no decorrer das consultas. Nós ficamos aliviados por um lado, porque tudo que queríamos era ouvir que ele não era autista, então qualquer coisa seria lucro, mas por outro lado este tratamento seria totalmente particular e como faríamos isso com os dois desempregados na época. Cada consulta era R$40,00 e ele precisaria de no mínimo duas vezes por semana em cada disciplina, eu confesso que fiquei desesperada, pois não abria mão de lutar por meu filho. Com tudo isso, tive meus dias de muito choro na presença do Senhor, clamei muito para que Deus me desse entendimento e muita sabedoria divina para lidar com isso, pois os sonhos que tinha pra ele por um momento achei que nenhum deles seriam concretizados por ele ser especial, tinha medo da rejeição e do que poderia vir no decorrer dos anos.
Fui em busca de pais com a mesma experiência, cursos que me ajudariam a entender o seu comportamento, fizemos todos os exames tipo: Tomografia, Ressonância Magnética, Eletroencefalograma, cada um destes foi um sofrimento para nós, e o resultado...TUDO NORMAL!! Isto tudo aconteceu no 1º semestre de 2008, ele iniciou os tratamentos sem diagnóstico fechado e não estava tendo resultado. O Henrique sempre me perturbava dizendo que o Pedro não tinha nada, que o filho dele era normal e que estávamos jogando dinheiro fora. Ele me acompanhava em todos os lugares e nos exames, apesar dele não aceitar queria estar ao nosso lado.
 O Henrique estava tendo conflito dentro dele mesmo, porque passou anos vendo o irmão problemático, causando problemas para mãe e o pai, então ele imaginou que a situação dele seria a mesma com o Pedro, por isso ele não queria aceitar. Eu não entendia as reações dele, porque ele não se abria comigo, apenas me acompanhava. Foram muitas brigas, discussões. Eu, além de chorar pelo sofrimento do meu filho, ainda chorava porque meu marido não entrava em acordo comigo.
Minha mãe foi para Fortaleza passar uns dias comigo, porque ela ligava lá em casa para saber notícias e eu chorava muito, mal conseguia falar. Minha mãe chegou a passar mal depois que desligou. Como eu fazia faculdade, não estava sabendo  como lidar com tudo isso na minha cabeça, sem empregada em casa, pois tivemos que mandar a Graça embora, porque o Henrique ficou sem emprego, tinha que voltar para meus estudos, cuidar da casa e do Pedrinho, que era o meu maior alvo naquele momento.
Minha mãe passou 40 dias comigo. Me ajudou bastante, via minhas confusões com o Henrique porque ele não aceitava este problema do Pedro, enfim minha vida ficou de perna pro ar, ela dizia assim: Minha filha cuide de seu filho até o último instante. Se o Henrique não quiser te acompanhar, não brigue, apenas pegue seu carro e vai à luta com o Pedro. Não perca este foco por nada nesse mundo, pois o Pedro precisa do seu apoio. Eu ficava muito perdida porque eu queria que algum médico dissesse o que ele tinha de fato e não apenas tratar, eu fazia questão do diagnóstico. Eu chorava muito aos pés do Senhor, ungia o Pedro Henrique todas as noites, eu profetizava na vida dele que iria falar logo e determinava que o Senhor faria um milagre na vida dele, porque a partir do momento que o Pedro tivesse uma linguagem verbal tudo se tornaria mais real, e até o momento a linguagem dele era não-verbal e poucos entendia ele.
Meus amados posso dizer que foi difícil e não impossível, mas uma coisa vocês podem ter certeza, em momento algum a minha tristeza, revolta sei lá, me impediu de lutar, pelo contrário na frente dele eu era uma mãe forte, guerreira, amável, alegre, esperançosa e nas costas dele eu era uma mãe chorona, triste, revoltada... No fim das contas tudo o Senhor via e sabia, então para ele eu não podia mentir, foi ai que Deus teve misericórdia da minha vida, meus clamores chegaram aos Seus ouvidos então, imagino que Ele olhou para mim e disse: “Chega filha seu sofrimento acaba hoje, vou lhe enviar sinais, prodígios e maravilhas para que saibais que Eu sou o Senhor teu Deus, te escolhi e escolhi teu filho no ventre, Eis que farei milagres sobrenaturais, creia somente e verás a minha glória resplandecer em sua casa! Ô glória, aleluia...o Espírito Santo soprou em meus ouvidos e pude enfim descansar.
Pedro Henrique, Ian, Filipe levam uma vida normal, como qualquer outra criança, claro com algumas limitações, mas que não o faz serem diferentes de nenhuma outra criança. Eles brincam, correm, conversam, se interagem com o meio, sempre com seu jeitinho único de ser.
Com isso quero tentar mostrar que autismo não é doença, não é contagioso, são apenas pessoas diferentes no seu modo de ser e agir, mas que com muito amor, dedicação, carinho elas conseguem ter uma vida normal e sociável. Continuamos por aqui, na tentativa de conscientizar, de socializar esses pequeninos. Se você tiver sugestão de pauta, se tiver alguma dúvida, alguma pergunta a fazer, por favor nos escreva: lucienejornalista@gmail.com ou deixe seu recado aqui no blog. Ah! Não deixe de ser nossos seguidores, nos ajude a propagar o blog que com certeza fará a diferença na vida de alguém.


Um comentário:

  1. Que história maravilhosa desta mãe! Que luta!Serve de exemplo para mães com o mesmo problema.
    Você está de parabéns,Luciene, por se dedicar à esta campanha.

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