terça-feira, 12 de abril de 2011

Luta e superação...


2ª PARTE DO TESTEMUNHO – PEDRO HENRIQUE
Passados alguns dias, chegou o dia da minha mãezinha ir embora, dia 26-06-08 fomos TODOS à praia pela manhã para ela se despedir das maravilhas de Fortaleza. Quando chegamos o Henrique preferiu ficar na barraca, ele estava meio emburrado, então eu e minha mãe com o Pedrinho fomos caminhar. Quando retornamos da caminhada, ficamos perto da barraca na beira do mar para o Pedro brincar e havia um rapaz de + ou - 20 anos dentro d’água louquinho pelas ondas acompanhado com uma senhora, fiquei observando as cenas de brincadeiras porque apesar de ter esta suposta idade parecia ser uma criança e isso me chamou atenção. Ele fazia os mesmos gestos que o Pedro demonstrações de sentimentos balançando os braços fazendo estereotipias com a mesma carinha de felicidade, quando vi aquilo fiquei pasma, meu coração gelou e pensei: Meu Deus, aquele menino faz o mesmo gesto do Pedro será que ele é autista? Tão logo chamei a atenção da minha mãe que estava sentada e disse a ela para observá-lo eles voltaram para a barraca e nós duas ficamos observando para onde eles iam.
Meus queridos, imaginem onde eles estavam sentados? Ao nosso lado... Olhei para trás no sentido da barraca minutos depois e o Henrique estava concentrado, sério olhando muito para eles. Chamei a mamãe para subir e quando chegamos na barraca o Henrique estava em prantos, passei direto da mesa porque o Pedro foi para o parquinho que tinha perto de nossa mesa. O Henrique foi atrás de mim e disse: Você viu a mesma coisa que eu vi? Respondi: sim. Então nós dois começamos a chorar ao lado do Pedrinho. Foi aí que o Henrique me perguntou o que eu achava de nós irmos até aquela senhora para conversarmos e talvez pedir ajuda com a indicação de médicos. Aceitei e fomos juntos falar com eles.
Chegamos com muita sutileza nos apresentando, dissemos que o filho dela nos chamou atenção porque ele fazia alguns gestos iguais ao nosso filho, então a dona Ana disse na mesma hora sem terminarmos de concluir: O Rafael meu filho é autista! Ali, conversamos pouco, porém o essencial pedimos referência de médicos especialistas, pois até então quem havia dito que o Pedro era autista uma neuropediatra e um psiquiatra e nenhum destes foram o suficiente para o Henrique concordar.
Sobre a história dela, seu filho Rafael apresentou indícios de autismo com três anos, eles moravam no interior do Ceará sem recursos de especialistas e financeiros para cuidar do caso dele, ficou sem tratamento piorando cada vez mais tendo crises e mais crises dentro de casa. Passaram-se dez anos, ela juntamente com o marido e os três filhos vieram embora para Fortaleza porque o Rafael estava cada vez pior. Então com apenas 13 anos de idade é que o Rafael foi ter toda a assistência que ele precisava, mas a fala infelizmente ficou comprometida, ele nunca falou e apesar da gravidade de seu estado ele foi tratado na casa da esperança e melhorou muito em alguns comportamentos. Abri esta história para vocês porque era tudo que o Henrique precisava ouvir para dar início ao tratamento do Pedro sem brigas, enxergando um quadro de criança normal para especial, que necessitava de atenção, porque naquele momento precisávamos ver desta forma para que o Pedro tivesse evolução e não regressão. Lembra quando mencionei que o Senhor falou ao meu coração que Ele iria me dar sinais, prodígios e maravilhas, pois é isso, para mim foi claramente a mão do nosso Deus, resposta de oração.
Foi então que Deus nos abriu esta porta maravilhosa, vi a mão do Senhor em cada palavra que ouvíamos da senhora Ana as lágrimas escorriam em nossos rostos e ela nos disse sobre a existência de uma casa aqui em Fortaleza para tratamentos só de autismo chamado “Casa da Esperança”, ela nos deu o telefone para entrarmos em contato. Identificamos-nos muito porque o que eu mais temia era isso, o Pedro ficar sem tratamento esperando alguém ter compaixão de nós e dizer de fato o que o nosso Pedrinho tinha.
Liguei para marcar consulta com a doutora Fátima Dourado fundadora da casa, ela não trabalhava com convênios e funcionava da seguinte forma: A consulta com ela era R$200,00 e com a equipe de terapeutas era R$450,00, assustei com estes valores, mas era a nossa única, e última alternativa que teríamos para saber o que o Pedro Henrique realmente tinha. Disse à secretária que iríamos fazer apenas com a doutora Fátima, pois não teríamos como pagar com a equipe toda, então ela marcou para o dia 02-07-08 as 15h.


No dia 02-07-08 foi o grande dia. Quando chegamos fomos muito bem recebidos, eu vi alguns autistas soltos, lá era um terreno grande com grama, piscina, parque e eles caminhavam alguns sozinhos e outros acompanhados e senti medo. A doutora Fátima iniciou a consulta com nós três na sala perguntando tudo a respeito dos nossos familiares. Passou uns cinco minutos bateram na porta e entraram quatro profissionais de jaleco (Psicóloga, Fono, e duas Terapeutas Ocupacional). Confesso que assustei ao vê-las entrando na sala, a doutora Fátima pediu que eu ficasse com ela, e uma terapeuta e as outras levassem o Pedro para analisá-lo nas salinhas e o Henrique acompanhou o Pedro até certo tempo.
A médica me perguntou primeiramente tudo a respeito do Henrique e da família dele, disse o que eu sabia e falei também do Hermes (irmão do Henrique que teve Esquizofrenia e que era super dotado). Depois falei tudo a respeito do Pedro como era o seu comportamento e suas habilidades, ela me perguntava e eu respondia.
Ao relatar todos os fatos, ela olhou pra mim e disse: O Pedro realmente possui aspectos de autismo! Perdi o chão, comecei a chorar dizendo que a minha maior preocupação era que o Pedro ficasse sem assistência, pois não tínhamos condições para arcar com tantas terapias que ele necessitava semanalmente. Em seguida, o Henrique entrou na sala sem o Pedro e ela repetiu tudo que me disse para ele, sua reação foi bastante tranqüila, e o Henrique adicionou maiores informações a respeito do Hermes que eu não sabia dizer.
Depois entraram as terapeutas com o Pedro, ele por sinal sorrindo, pulando, numa boa. A doutora Fátima perguntou uma a uma da análise que fizeram do Pedrinho, e as respostas foram maravilhosas:
Terapeuta Ocupacional - Ela disse que o Pedro é uma criança muito ágil, esperta, responde a tudo que falamos com ele, porém sem olhar no olho. Sua memória é extraordinária para gravar tudo que o ensinamos.
Psicóloga - Ela disse que o Pedro tinha uma coordenação motora impressionante, superaram expectativas, ele tem segurança para correr, pegar no lápis para desenhar, sua audição é incrível grava tudo que falamos com ele e aprende muito rápido.
Fonoaudióloga - Ele balbucia muito e tem tudo para falar rápido é só questão de tempo e tratamento intensivo.
Com isso, ficamos bastante aliviados e rendemos graças ao Senhor.
A benção maior foi que a doutora Fátima ao perguntar para a Terapeuta Mirela como estava o caso de vagas na casa, ela disse que incrivelmente teria apenas uma vaga e para honra e glória do Senhor Jesus essa veio do trono de Deus para o nosso Pedro Henrique, elas deram para ele.
Nossa chorei de alegria e ali agradecemos a Deus por tanto cuidado, tanto amor por nos confortar daquela forma. Irmãos existe criança na fila de espera desde 2006 e este ano de 2008 ainda nem começaram a chamar e o nosso Pedrinho ganhou uma vaga para todos os dias com direito a todas as terapias que a casa oferecia. Ele entraria às 7h30 e saía às 11h30 da manhã. Outra benção é que, a consulta que custaria R$450,00 com toda essa análise multidisciplinar pagamos apenas o que combinamos R$200,00, aleluia!!!! É a mão de Deus ou não é?
A Doutora Fátima Dourado é pediatra, psiquiatra e mãe de dois filhos autistas e por isso se especializou. Fundou em Fortaleza há 15 anos a “CASA DA ESPERANÇA”, a melhor casa especializada da América Latina que possui cuidados para autismo e PROFISSIONAIS da área totalmente GRATUITO, inclusive alguns deles que trabalham lá são autistas e também possuem filhos autistas. Tinha também uma sala para as mães ficarem esperando seus filhos enquanto acabavam as aulas, elas moravam muito longe e não dava para ir e voltar. Tinha curso de bordados, pintura, tudo do bom e do melhor. Eu não precisava ficar lá porque morava perto e fazia faculdade pela manhã.

O Pedro iniciou o tratamento já na segunda-feira dia 09-07-08, todas as manhãs estavam garantidas e em agosto ele iria entrar na escola no turno da tarde. Vimos uma escola maravilhosa conversamos com a dona e diretora da escola inclusiva, porque houve rejeição da primeira escola que iríamos colocá-lo.
As aulas tiveram inicio 04 de agosto, então ele fazia as terapias pela manhã e a tarde ia para a escola. Foi muito puxado pra ele, porque foi um ritmo longo, mas necessário para seu desenvolvimento. O que ele mais precisava era dos tratamentos e da interação social na escola. Quando eu o deixava na casa da esperança eu voltava pra casa aos prantos, chorava tanto, eu gritava no carro pedindo ajuda de Deus para eu superar tudo isso.
Na casa tinha muitos autistas comprometidos, com deficiência física, cerebral, alguns eram agressivos, aquilo tudo me assustava muito, porque jamais vi aquilo, e ver meu filho no meio deles, era como se ele ficasse sem minha proteção entende?? Nossa só de escrever estou chorando, isso marcou a minha vida, é um testemunho de agradecimento à Deus que terei para o resto de minha vida.
Todos os terapeutas tinham um amor especial pelo Pedro, ele cativou todos naquele lugar pela sua inteligência, alegria, bom humor, sempre meigo e cativante. A sala do Pedro era de autista precoce, os mais evoluídos, porque havia alguns que tinha a mesma idade que ele de grau maior, então estes ficavam separados em outra sala. Tinha autistas de todas as idades, com todo tipo de grau e por isso eu ficava com medo, mas Deus tinha um propósito na vida dele de passar uma fase de sua vida naquele lugar, forjou suas capacidades, encantou os professores e superou todas as barreiras naquele lugar, para a glória do Senhor Jesus.
Na escola ele teve um desenvolvimento incrível, melhorou na interação social, ele com apenas 2 anos e meio adorava matemática, sabia números compostos, ama coisas eletrônicas, computador,vídeo game enfim, e com três anos soletrava frases já sabia o alfabeto todo do A ao Z, entendia tudo que falávamos com ele, a linguagem melhorou muito de novembro em diante do mesmo ano, inclusive fui presenteada no natal 2008 ele me chamou de mamãe!!


E agora ele tenta falar tudo que ouvi, eu trabalho muito com ele em casa, isso foi fundamental para a melhora dele, porque é um amor incondicional que dou a ele, não trabalho fora, e parei meus estudos para me dedicar a ele, eu era sua T.O os especialistas ficavam impressionados com o desenvolvimento e bagagem de informação que ele tem, compro tudo que é brinquedo pedagógico, fiz do quarto dele uma verdadeira brinquedoteca, brincamos de tudo, ele interage com o pai e o Igor muito bem é um espetáculo, enfim, hoje agradeço a Deus por ter me dado este presente maravilhoso, entendo que Deus me ama demais por ter me dado a graça de cuidar de uma criança tão preciosa, maravilhosa e iluminada como o Pedrinho, ele encanta a todos por ser muito dócil, carinhoso, receptivo, responsivo a tudo e a TODOS.

Quero que saibam que toda Honra e a Glória deste depoimento é do meu Senhor Jesus Cristo filho do nosso Deus criador do Céu e da terra, é Ele que me dá toda essa força, coragem, garra para enfrentar, lutar e vencer a qualquer adversidade que possa aparecer.
Para finalizar Ele nos enche de alegria e de gozo quando estamos na presença Dele para AGRADECER TUDO QUE ELE FAZ E CONTINUARÁ FAZENDO EM NOSSAS VIDAS. Nós temos muito orgulho do Pedro Henrique cada dia que se passa se torna uma criança normal com o selo de Jesus na testa dele.
O laudo dele foi dado como Autista Clássico e hoje para a honra e glória do Senhor Jesus seu laudo é de Síndrome de Aspeger e Savant, dado pelo seu psiquiatra que cuidou dele em Fortaleza. Toda a característica que ele tinha já não possui mais.
Pedro ficou apenas seis meses nesta Casa da Esperança, porque a evolução dele foi tão grande que ele não podia mais estar no meio de crianças comprometidas porque ele iria imitálos, então dei a oportunidade para outra criança entrar e ser feliz como o Pedrinho foi naquele lugar.
Até hoje recebo e-mails das meninas que cuidavam dele, sentem muitas saudades e querem sempre saber como ele está. Minha sogra o colocou em seu convênio (Assefaz) como dependente para que ele pudesse ter assistência de Fono, Psicóloga e outras coisas mais, graças a Deus tudo foi dando certo e até hoje tem sido bênçãos sem medida.
E na escola ele sempre sabe mais que os outros, é atento a todos os movimentos da sala sem precisar estar sentado. Sua falta de habilidade é motora fina, escrever, desenhar, pintar, enfim e a alfabetização ele tira de letra. Nós familiares e amigos damos todo apoio que ele precisa, muito amor, compreensão, paciência, crença que Deus está no controle de todas as coisas.


Espero que a história do Pedro Henrique tenha ajudado alguém. Se ajudou, por favor, conte seu relato aqui, me ajude nessa luta pela conscientização do autismo. É muito forte tudo que foi relatado por Rosane, as experiências de vida que a fez mais forte, e hoje é capaz de ajudar outras mamães de autistas a superar as barreiras impostas pela vida.
Agradeço à todos que acompanham o blog, que ajuda a divulgar o autismo, que ajuda a conscientizar. Acredito que você, depois de ler essa história do Pedro Henrique, a História do Ianzinho e a do Filipe com certeza não são mais os mesmos. Sei que começam a ver a vida de outra forma, de outro ângulo.

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